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sábado, 22 de novembro de 2008

Crise faz emprego minguar na cidade

Dados de outubro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho sinalizam que a crise financeira atingiu as empresas de Limeira, especialmente a indústria de transformação. O resultado foi o pior resultado na geração de emprego desde março.

No mês passado, Limeira registrou saldo de 218 novos postos de trabalho. O desempenho representa queda de 51,1% em relação aos 446 postos criados em setembro. Na comparação com o mesmo período de 2007, quando 587 vagas foram geradas, o recuo é maior e chega a 62,8%. Na região, Limeira foi apenas a 6ª no ranking de novas vagas entre 10 cidades pesquisadas, atrás de Piracicaba (578), Santa Bárbara D'Oeste (339), Americana (338), Mogi Mirim (257) e Rio Claro (231).

A indústria de transformação é o setor que mais influenciou o recuo. As contratações caíram de 1.139 em setembro para 985 (-13,5%). O saldo ao final do mês foi de apenas 40 vagas geradas, o que representa queda de 84,1% na comparação com as 252 geradas em setembro. Em outubro de 2007, a indústria havia gerado 323 novos empregos. Ou seja, na comparação dos períodos, a retração foi de 87%.

Os números do Caged seguem a mesma direção apontada na semana passada pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), que chegou a indicar até mesmo fechamento de postos entre as empresas associadas. Coincidem também com as demissões ocorridas em grandes empresas, como a TRW Automotive, que teve queda brusca nas exportações.

Wágner Furlan, diretor regional do Ciesp/Fiesp, confirma que o final de ano não será dos melhores. Segundo ele, os empresários estão suspendendo contratações e investimentos para garantir uma liquidez financeira. "Ninguém sabe a duração desta fase. A expectativa é de melhoras apenas no início do ano. As cautelas existem nas duas partes, tanto no cliente quanto no fornecedor", disse.

Apesar dos sinais negativos em relação ao emprego, Furlan garante que as demissões ocorrem quando não há outra alternativa tomar. "Os empresários estão fazendo de tudo para segurar. A maioria das empresas do setor de auto-peças anunciou férias coletivas. Demissão custa caro, principalmente se a empresa tiver que recontratar, o que exigirá custos com treinamento, por exemplo", explica o empresário.

Não foi só a indústria que apresentou recuo na geração de emprego em outubro. Mesmo com o Dia das Crianças no período, o comércio fechou o mês com saldo de 56 vagas, queda de 25% na comparação com setembro. O saldo tende a mudar a partir deste mês, quando as lojas começam a se preparar para as vendas de fim de ano e a expectativa de novas contratações ressurge. A agropecuária teve saldo de 14 vagas novas, recuo de 73% diante de setembro. A prestação de serviços, por sua vez, foi o setor que teve melhor desempenho, com aumento de 64% nas contratações.

A crise financeira começa também a alterar as relações de compra e venda das empresas com o mercado exterior, mas, curiosamente, as exportações, apontadas pelos empresários como a grande "vilã" e cuja queda foi a razão principal de demissões, manteve o faturamento em alta.

Em outubro, as empresas limeirenses faturaram US$ 43,5 milhões com as vendas para o exterior, aumento de 6,3% em relação aos US$ 40,9 milhões registrados em setembro. O resultado do mês passado foi o terceiro melhor desempenho do ano, perdendo apenas para meses que estiveram sob influência da greve dos auditores-fiscais da Receita Federal.

Para Furlan, a única explicação possível é a de que as empresas receberam por contratos fechados antes do início da crise. "Não é a realidade atual", garante. No início da semana, a ArvinMeritor relatou recuos de até 30% nas exportações, uma das motivações para as férias coletivas de mais de mil funcionários. Em outubro, a TRW sentiu queda de 70% nas vendas para o exterior e começou a demitir.

O dirigente acredita que poucos setores terão bons resultados com exportações neste fim de ano, como o sucroalcooleiro e o da laranja, cuja safra ainda está em vigor. Para o setor automotivo, no entanto, as perspectivas não são boas, principalmente com a situação das grandes montadoras nos EUA - o Congresso norte-americano está resistindo em ajudar financeiramente o setor.

Se as exportações não foram afetadas financeiramente em outubro, o mesmo não se pode dizer em relação as importações, que caíram de US$ 13,2 milhões para US$ 11,9 milhões, queda de 9,25% - o menor resultado desde maio. Furlan atribui o recuo a alta do dólar que, desde agosto, disparou da casa dos R$ 1,60 para R$ 2,40 até esta semana. "Os produtos importados ficaram mais caros e os empresários preferiram segurar as compras", avalia

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