A eleição presidencial mais longa dos últimos 25 anos terminou com um corolário de fatos que marcarão o país para sempre.
Jamais houve uma nação tão dividida politicamente, embora, no fim, a eleição tenha ficado polarizado entre os dois grupos que disputaram o poder durante este tempo.
Dilma Rousseff foi reeleita ontem e tem a missão de conduzir também, além da maioria, o maior coro de descontentes já visto após a redemocratização.
O longo debate político produziu, nos últimos meses, um abismo entre petistas e tucanos que beirou absurdos a ponto de romper amizades e ultrapassar os níveis de civilidade que a democracia exige.
Perguntar quem provocou isso é igual a querer saber quem veio primeiro, se o ovo ou a galinha.
O PT e sua campanha de desconstrução, eficiente em trucidar Marina Silva, também alcançou Aécio na reta final.
O PSDB, que tem seus telhados de vidro, revidou e o que vimos neste segundo turno não foi exatamente o aprofundamento das diferenças entre as propostas dos dois candidatos, mas o aprimoramento da incitação ao ódio de ambas as partes, da eficiente máquina destrutiva do PT à dobradinha do PSDB com denúncias, ainda sem provas evidentes, levadas e amplificadas por veículos de comunicação - uns de forma mais clara, outros mais disfarçados - cansados dos governos petistas.
Algo que esta eleição nos mostrou: alongar o debate nem sempre significa melhorá-lo.
Tão absurda quanto à tática da destruição foi também a interferência excessiva do Judiciário na reta final da eleição proibindo propagandas de Dilma e Aécio que levavam temas espinhosos à TV.
O ideal é, sim, que a propaganda política seja propositiva, mas quem deve exigir isso e julgar é o eleitor (principalmente na hora do voto), e não um juiz.
O Judiciário deveria agir punindo eventuais abusos, mas nunca impedindo que temas, espinhosos ou não, sejam levados ao público.
Além de regras que inibam a baixaria na campanha eleitoral, é preciso avançarmos também, para as próximas disputas, em mecanismos que dificultem o uso da máquina pública na eleição.
Nos últimos meses, o governo federal segurou a divulgação de indicadores, possivelmente negativos, para evitar influência na eleição. Quem vigia e pune isto?
Neste último mês, Dilma passou quase o tempo todo fora do Palácio do Planalto. Não seria mais respeitoso, para a condução do país, que o candidato a reeleição que queira mais quatro anos de poder deixe-o temporariamente durante a campanha?
O maior legado do processo eleitoral de 2014 foi mostrar ao país a imperiosa necessidade de aprimoramentos do próprio processo eleitoral.
*Artigo publicado originalmente pelo editor na edição de 27-10-14 da Gazeta de Limeira
** Crédito da imagem: www.regispel.com
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
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