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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

É fácil virar tigre contra Tigrão

O corregedor da Câmara, José Eduardo Monteiro Junior (PSB), o Jú Negão, sugeriu a formação de um comitê de ética dentro do Legislativo para, no cabo, dar cabo ao mandato do vereador André Henrique da Silva (PMDB), o Tigrão.

Tigrão colecionou uma série de gafes já relatadas neste blog.

Em agosto, Ju Negão decidiu investigar uma piada, de mau gosto, que foi postada no Instagram do vereador.

Após abrir o inquérito, despejou várias outras situações nas quais o vereador se envolveu.

Na defesa por escrito que apresentou à Corregedoria, Tigrão só se defendeu a respeito da piada.

No depoimento dado recentemente à Corregedoria, o vereador teve que falar sobre um monte de coisas. Disse coisas absurdas e inacreditáveis.

Como tudo é subjetivo, o corregedor enquadrou facilmente o comportamento de Tigrão em vários itens que ferem o decoro parlamentar.

Pediu a punição máxima, que é a cassação.

No inacreditável depoimento à Corregedoria, o próprio Tigrão deu a entender que teria uma conduta condizente a de um parlamentar não fosse o que chama de perseguição que sofre.

Foi uma das senhas usadas pelo corregedor para sugerir a cassação. A frase consta no relatório final.

Conforme a assessoria da Câmara, o corregedor busca "preservar todo o corpo legislativo, bem como a imagem da Câmara de Limeira, com princípio fundamental de manter a integridade moral tanto dos parlamentares quanto da instituição".

É caso para cassação?

Entendo que a Câmara deveria ter um parâmetro adequado para aplicar punições rigorosas a casos realmente graves.

Mas definir o que é grave - o que, por exemplo, o Judiciário decide de maneira técnica - é feito de forma política na Câmara.

Lembremos que os vereadores, inclusive o corregedor Jú Negão, rejeitaram abertura de comissão para investigar a conduta do vereador Raul Nilsen Filho no episódio da nebulização da dengue.

Não esqueçamos: Raul está, juntamente com o prefeito Paulo Hadich e representantes da empresa Vital Gardem, com ordem de bloqueio de R$ 1 milhão numa acusação de improbidade administrativa.

Não houve sequer uma apuração que poderia, em tese, até absolvê-lo no final.

A Câmara Municipal não deu mínimos sinais de preocupação com a imagem da instituição com o fato de ter um integrante acusado de improbidade e com bens bloqueados no valor de R$ 1 milhão.

Mas dá sinais de preocupação com a imagem da instituição com o fato de ter um integrante acusado de postar piada de mau gosto em rede social, dizer que tem nojo da Câmara, dar entrevista confusa sobre os colegas, entre outras coisas.

A Câmara pode até abrir o comitê, julgar e cassar Tigrão.

É fácil virar tigre contra Tigrão.

E atuar como tigre em outros casos que envolvem dano ao erário público?

*Crédito da imagem: Câmara Municipal de Limeira

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