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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Onde morrem os astros

Texto do autor publicado na coluna Prisma, edição de hoje (22/06/09) da Gazeta de Limeira:

"Já comecei inúmeras leituras, artigos ou livros, onde, na condição de leitor, fui levado a um breve exercício mental sobre onde estava em determinada data marcante.

22 de novembro de 1963, data dos tiros que mataram John Kennedy? – não era nem nascido.

1.º de maio de 1994, morte de Ayrton Senna – assisti em casa o repórter Roberto Cabrini, com voz embargada, anunciá-la.

25 de junho de 2009, Michael Jackson, estava na redação do jornal.

Haverá sempre alguém no futuro a lhe perguntar onde e como recebeu a morte de uma personalidade.

O astro pop saiu de cena na semana passada num momento que, particularmente, mais me chamou atenção.

Jackson preparava-se para sair de uma extensa reclusão e encarar o que se anunciou como sua última turnê.

Todos os ingressos já estavam vendidos. Seria a última chance de o cantor rever os fãs, numa espécie de reconciliação com tudo aquilo que lhe levou até ali. Não deu tempo.

A repercussão de sua morte em nada faz lembrar que Michael Jackson ficou dez anos afastado dos palcos.

No campo pessoal, passou por situações que deixariam qualquer um relegado ao ostracismo – acusado de pedofilia, sujeitou-se a fazer acordos para não pegar penas pesadas; em outra, foi absolvido, mas o que importava? Os estragos iam lhe desgastando.

As mudanças na expressão facial, em decorrência das sucessivas cirurgias plásticas, foram apenas o marco central da desconstrução a qual o cantor foi se submetendo ao longo dos anos, sob o olhar implacável da mídia e a incredulidade dos fãs.

Perdeu parte da fortuna. Michael não é, ou foi, o único – Mike Tyson se encaminha para ter uma história semelhante.

Ambos são astros, e isso parece justificar, do ponto de vista da mídia, histórias tão absurdamente reais.

Bastou morrer para que imagens gravadas ao longo das últimas décadas fossem desengavetadas; músicas, há tempos ausentes do circuito midiático, voltassem às rádios; seu nome voltar às rodas de conversa – façam um teste, quem da casa de vocês não sabia quem era Michael Jackson, e mesmo assim, há quanto tempo não se falava nele?

Não é preciso. Como Tyson, Madonna, Senna, Pelé, ele era um astro.

Jackson não precisava de uma turnê para reconciliar-se com os fãs.

Ele parecia buscar, apenas, uma reconciliação consigo, após tantos vazios deixados pelos escândalos, como qualquer outra pessoa.

As mais de 60 milhões de cópias vendidas em um único álbum (Thriller), recorde histórico que persiste desde 1982, avalizam sua herança à música pop.

Ao final, morreu de forma abrupta, com uma história digna de filme.

Como um astro.

Um comentário:

  1. Uma perda para nós, se não fosse o fato de, após a morte não ser o fim de tudo, diria que, dado os acontecimentos ruins e desagradáveis de sua vida infeliz, morrer foi um descanso para ele. Mas sabemos que, feliz ou infelizmente, a morte é só o começo da eternidade. Aqui, apenas aqui nesse mundo, decidimos pra onde vamos quando fizermos a tal "viagem"... []´s

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