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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Relato de quem esteve perto do conflito no Oriente Médio

De Stéfanie Archili, publicado na edição de hoje (7/1) na Gazeta de Limeira:

“Palestinos e israelenses almejam a paz, mas sabem que isso é algo ainda distante da realidade”. Essas são as impressões da limeirense e musicionista Michele Sva, que há mais de 10 anos passa férias em Israel na casa do irmão, Márcio.

Ela estava no distrito de Tel-Aviv quando o grupo palestino Hamas lançou o primeiro míssel contra Israel. Ela vivenciou de perto as angústias e as perdas de dois povos.Michele chegou a Tel-Aviv, que fica há uma hora de Jerusalém, em 27 de novembro.

A viagem, que ela faz desde que o irmão se mudou definitivamente para o Oriente Médio, nunca havia sido interrompida por um conflito. Porém, ela não esperava que passaria o ano-novo no Brasil. “Pensava em ficar mais tempo, mas quando começaram os bombardeios fiquei apavorada. Meu irmão ficou mais tranquilo, mas eu queria voltar”.

Quando Michele chegou a Israel, a mídia local noticiava os ataques do Hamas e, em contrapartida, o governo de Israel pedia uma trégua ao grupo considerado terrorista. “Todos os dias caíam de 10 a 15 mísseis. Em Tel-Aviv, onde meu irmão reside, não havia ataques. Esses mísseis são caseiros e de curto alcance, por isso a cidade mais atingida era Ashqelon”, contou.

Jerusalém também não foi atingida, mas os turistas estavam proibidos de visitar o local sagrado. “Jerusalém foi o mais próximo que cheguei do conflito”. O cessar-fogo determinado por um período de seis meses havia sido desrespeitado pelo Hamas, e Israel reagiu. “O governo israelense pediu várias vezes para eles pararem, mas como não teve trégua, o governo teve uma reação devastadora”.

O bombardeio e a posterior invasão israelense na Faixa de Gaza foi um final violento para o cessar-fogo que terminou em 19 de dezembro, após uma semana do retorno de Michele ao Brasil. “Eu voltei o quanto antes porque poderia ficar ‘presa’ lá. Eles costumam fechar os aeroportos e não conseguiria voltar para minha casa”, desabafou.

Michele deixou em Israel o irmão, que se diz “tranquilo, pois os bombardeios estão longe de sua cidade”. “Todos os dias conversamos. Minha família está apreensiva, mas as pessoas que moram lá estão ‘acostumadas’ com tantas guerras”, falou. Segundo ela, Israel enfrentou inúmeras guerras desde que o Estado foi criado há 60 anos. “Os israelenses e palestinos são contra o conflito, mas acreditam que essa situação não acabará. Por isso, eles aprenderam a conviver com essa realidade”, ressaltou.

Israel x Hamas
Para a limeirense, o Hamas se esconde atrás dos civis, por isso centenas de pessoas inocentes estão sendo mortas. “Os mísseis do Hamas podem cair em qualquer lugar, por isso escolas, casas, supermercados e outros locais públicos são atingidos”. Israel utiliza uma tecnologia mais avançada e todo equipamento é monitorado via satélite. “É claro que Israel é mais preparado, mas o Hamas tem muitos seguidores, como os suicidas. Ele é um grupo político e religioso”, lembrou.

Segundo ela, a cada ano tem aumentado o número de seguidores do grupo. “No dia em que eles comemoraram o Dia da Independência do Hamas, vi centenas deles. Não conheço pessoalmente nenhum seguidor do grupo, mas sei que eles estão espalhados por todo lado”, contou. “Se eles virem um judeu, eles matam”.

Essa foi a primeira viagem em que Michele presenciou um conflito em Israel. Sobre o país ela diz que “é totalmente diferente do que imaginam. É quente como no Brasil e os palestinos e israelenses trabalham juntos em paz”. “Se não existisse o Hamas haveria paz em Israel”, defendeu.

De acordo com ela, os bombardeios sempre existiram mas com menor intensidade e sem ferir tantos civis. “A cada vez que fico lá percebo que a situação está melhorando, mas que a paz ainda é algo impossível”. A construção do muro ao redor da Cisjordânia (em 2007) para dar segurança ao Estado Israelense, foi uma das melhoras apontadas pela limeirense. “Não havia mais atentados em locais públicos. Mas infelizmente o Hamas é uma ameaça constante. Para ele, Israel não deve existir”.

Retorno ao país
Michele espera voltar a Israel em julho. “Espero que a situação melhore até lá”. Ela contou que apesar de todos os conflitos, Israel é um País organizado, seguro e moderno. “Existe um esquema de segurança muito forte e não há criminalidade nas ruas. Em todas as cidades há militares e nunca ouvi falar de assaltos a residências ou roubode carros”, declarou.

Segundo ela, a arquitetura também é moderna e as israelenses não utilizam as burcas, como as árabes. “Elas vestem as mesmas roupas que usamos no Brasil”. A família da limeirense descobriu que tem descendência judia e hoje o irmão de Michele namora uma israelense. “Se não houvesse tantos conflitos em Israel, eu e meus pais teríamos mudado para lá”, finalizou.

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