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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Assaltante famoso em Limeira pega 14 anos por roubo, quadrilha e lavagem de dinheiro

Assaltante que fez fama em Limeira nos anos 90 para mais tarde se transformar num dos criminosos mais procurados do País, com alianças que vão de Marcos Camacho, o "Marcola", líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), aos reis do narcotráfico, Fernandinho Beira-Mar e o colombiano Juan Carlos Ramirez Abadía, José Reinaldo Giroti, o "Girotinho", especialista em roubo a bancos, teve mais uma condenação confirmada.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre/RS, fixou pena de 14 anos e 10 meses de prisão por roubo, quadrilha armada e lavagem de dinheiro, confirmando, em maio, decisão dada em primeira instância pela Justiça Federal do Paraná.

Na denúncia do Ministério Público Federal, "Girotinho" chefiava uma quadrilha especializada em furtos e roubos a agências bancárias que mantinham em seus cofres joias penhoradas, com "previsão de lucros consideráveis, estrutura hierarquizada, planejamento empresarial e possível ingerência no poder estatal".

"Girotinho" planejava os crimes e a destinação das joias.

Para o MPF, era o encarregado de obter informações privilegiadas para executar os crimes. A Procuradoria cita que ele obteve, possivelmente por meio de corrupção, as frequências utilizadas pelos órgãos policias, o que dava segurança para a quadrilha.

Nos dias que antecederam o roubo de sete lotes de joias de uma agência da Caixa Econômica Federal (CEF) em Curitiba/PR, em 27 de agosto de 2006, o acusado foi visto em atitude suspeita por populares - sua prisão, em 21 de novembro de 2006, pela Polícia Federal (PF) foi comemorada pela Polícia Civil de Limeira.

Na época, outras seis pessoas foram detidas em São Paulo quando se preparavam para executar crime semelhante à agência da Caixa de Curitiba. Dois meses depois, novo roubo no local levou mais joias penhoradas.

Segundo o MPF, entre os anos de 2004 e 2006, "Girotinho" ocultou a movimentação e a propriedade de bens e imóveis vindos indiretamente dos crimes, registrando-os com nomes falsos, de segundas vias de documentos verdadeiros, ou em nome da companheira, a limeirense Andreia Orlando.

Entre as negociações feitas para "lavar" dinheiro do crime, estão a compra de um estabelecimento de lanches por R$ 350 mil em Uberlândia-MG, um Fiat Strada, um Mitsubishi Pajero, um imóvel em São Bernardo do Campo no valor de R$ 132 mil e um outro no loteamento de Alpha Ville, em Londrina-PR, no valor de R$ 680 mil.

Em primeira instância, "Girotinho" pegou a pena mais alta, que chegou a 19 anos e 11 meses de reclusão - a esposa foi absolvida.

A defesa alegou falta de provas para condená-lo pelo crime de quadrilha, fragilidade nas acusações de roubo e a não-comprovação da origem espúria do dinheiro, além do reconhecimento da confissão espontânea.

O relator no TRF-4, desembargador Néfi Cordeiro, entendeu que não ficou comprovada a origem lícita do dinheiro movimentado por "Girotinho" e citou que o próprio réu afirmou, em interrogatório, que o montante para a compra dos bens era "fruto dos lucros da agiotagem".

Por outro lado, a confissão espontânea acabou beneficiando-o e os magistrados reduziram a pena, fixando-o, no total, os 14 anos de reclusão.

Roubos milionários

Conhecido na grande imprensa como "Alemão", "Girotinho" ficou célebre em Limeira nos anos 90, quando furtava e "esquentava" carros no município.

Depois, tornou-se, para a polícia, um criminoso de altíssima periculosidade. Participou de roubos sofisticados, como o de uma agência da Caixa em Cuiabá (MT), em 2000, quando, em parceria com "Marcola", ajudou a levar R$ 13 milhões.

Outro roubo de grande repercussão da qual foi acusado de participar ocorreu em 2001, quando foram levados R$ 5 milhões da agência do Banco de Brasília (BRB), na capital federal.

Quando preso, em 2006, tinha contra si 12 mandados de prisão.

É tido como um dos arquitetos do roubo ao Banco Central de Fortaleza (CE), de onde foram levados R$ 164,7 milhões em 2005, um recorde.

Em 2008, a PF descobriu que "Girotinho" se uniu à Beira-Mar e Abadía, todos detidos em presídio de segurança máxima em Campo Grande (MS).

Os três mandaram aterrorizar juízes que atuam nos seus processos e autoridades que atrapalhariam negócios milionários fora da prisão. A Operação X, desencadeada pela PF, prendeu oito pessoas ligadas ao trio.

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