Texto do autor publicado na coluna Prisma, edição de hoje (25/05/09) da Gazeta de Limeira:
"Relatar casos de pedofilia nas páginas diárias de um jornal tem sido uma das tarefas mais tristes realizadas nos últimos meses por repórteres limeirenses que atuam na área de polícia.
O que sai publicado, garanto, é o relato mais amenizado possível para mostrar o que aconteceu, sem partir para o que classifico como aberração sensacionalista. A transcrição completa dos autos dos inquéritos policiais é de chocar.
Uma rápida pincelada nos arquivos da Gazeta mostra o quanto esse mal está disseminado em nossa cidade.
Entre dezembro de 2007 e setembro de 2008, espaço de nove meses, a PF detectou por duas vezes material pedófilo em computadores limeirenses, o que fez a cidade ser incluída na rota das duas etapas da Operação Carrossel, a maior já realizada para combater este tipo de crime.
Em 2008, as denúncias de violência contra crianças feitas ao Disque 100 dobraram em Limeira. Na semana passada, mais dois foram presos preventivamente sob acusação de pedofilia.
O perfil dos presos é extremamente variado, indo de jovens a aposentados, de pedreiros a profissionais liberais. Assim como a idade das vítimas: 3, 4, 5, 6, 11, até 1 ano.
As armadilhas de aliciamento são as mais argutas possíveis: de oferta de doces a conversas pela internet - neste último caso, um pai, consciente do disciplinamento do uso do MSN pelo filho, ajudou recentemente a mandar mais um acusado para a cadeia.
Em julho do ano passado, a Câmara Municipal aprovou projeto de lei de autoria do vereador Carlinhos Silva (PDT) que criou a Semana de Estímulo ao Combate da Pedofilia, a ser realizada anualmente no mês de agosto.
Entre os inúmeros dispensáveis projetos de semanas criados pelos vereadores, este, ao menos, tem objetivos de extrema utilidade pública e, bem conduzido, pode trazer resultados práticos relevantes.
É preciso levar o assunto à comunidade, através de palestras e debates nas escolas sobre o tema. A orientação aos pais sobre os meios preventivos para evitar que os filhos sejam aliciados deve ser intensificada.
A rede de proteção, no entanto, não pode ficar restrita apenas à família, visto que, muitas vezes, a violência sexual é praticada por pessoas do ambiente familiar da criança. Daí a importância de se atingir a comunidade.
Os conselhos municipais voltados às crianças e adolescentes, juntamente com Poder Público, Polícias e Promotoria da Infância e Juventude, podem puxar a criação de uma rede que auxilie na identificação de indícios de violência sofrida pelas crianças, nos mesmos moldes da que está sendo criada para combater o trabalho infantil no município.
A proliferação dos casos descobertos pela polícia indica a necessidade de atuação conjunta contra o grave problema".
segunda-feira, 25 de maio de 2009
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