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terça-feira, 10 de março de 2009

Para educar

De Daniela Calderaro, do blog Vida Real:

"A violência doméstica é pior do que se imagina. E está muito mais próxima e presente do que se tenta esconder. É o que se conclui de uma investigação em andamento feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com 800 famílias na periferia da cidade de São Paulo.

É a primeira pesquisa de que se tem notícia feita de casa em casa, e não apenas com base nos falhos registros oficiais. Os pesquisadores estão constatando uma incidência de 20% de agressões graves contra as crianças, o que significa queimaduras, asfixia ou espancamento, resultando em fraturas e lesões que muitas vezes acabam no hospital, mas não punem o agressor, protegido por um manto de silêncio familiar. Mas deixam sequelas psicológicas profundas.

E mostra que o drama de milhares de crianças incluindo, por exemplo, a menina Isabella, morta pelo pai e pela madrasta há um ano e que parece fazer tanto tempo que precisa ser relembrado sempre. E o da menina de 9 anos que teve a gravidez de gêmeos interrompida no Recife (PE), após supostamente ser estuprada pelo padrasto. A sociedade vive um processo de degradação de valores e isso é cruel e muito perigoso... Porque há outras centenas de casos de abuso e de ações de pedofilia entre outros que não são denunciados.

Cabe a todos responsáveis pela posição de pai e de mãe, evitar a todo custo que a criança vire a depositária do estresse, ou da pobreza, e ainda da tão fadada “falta de tempo”, combinada com o desequilíbrio emocional de inúmeros adultos egoístas e rancorosos, além de ignorantes. Isso porque os pesquisadores da Unifesp ouvem que bater educa. Isso mesmo, essa é a desculpa das mães e pais que tiram sangue com a cinta, deixam marcas na pele e provocam sofrimento.

Esse é mais um aspecto de uma das maiores fragilidades sociais brasileiras: a pouca atenção à primeira infância, especialmente nas camadas menos favorecidas e também naquelas onde todos saem de casa para cuidar da própria vida e deixam a criança sempre à mercê da sorte ou do azar. Há uma frase que precisa se tornar popular novamente: “Você já abraçou seu filho hoje”? Educação se faz com diálogo, oportunidade de aprendizado, momentos de ternura, lazer e escolaridade, nunca com brutalidade"

Um comentário:

  1. Rafa

    Estou muito lisongeada em ter um texto meu aqui no seu "informante".Não perco seus textos,sempre informativos e muito bem pesquisados.
    grande beijo

    Daniela Calderaro

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