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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Alianças e rumos

Texto do autor publicado na coluna Prisma, edição de hoje (13/07/09) da Gazeta de Limeira:

"Terminei de ler por esses dias 'Os irmãos Karamabloch', a saga da família Bloch, desde uma aldeia da Ucrânia no final do século 19 à construção de um império, iniciado com a revista Manchete e que teve emissoras de rádio e TV, indo à falência em 2000.

Sugiro a leitura, mas pinço uma passagem curiosa.

Nos anos 80, os Bloch partiram para o ramo de televisão, com a anuência de Roberto Marinho, da Globo, que impusera uma condição à Adolpho Bloch, chefe da Manchete (ao lado*): que ficasse longe de novelas.

'Que é isso, novela não é coisa pra mim', disse Bloch.

Pouco tempo depois, tentado com a possibilidade de ganhar dinheiro, Bloch preocupou Marinho, quando comprou a transmissão exclusiva do carnaval do Rio de 1984.

Marinho lhe telefonou várias vezes, querendo compartilhar a cobertura, mas o telefone tocou e tocou.

Bloch não atendeu.

No final da década de 80, Adolpho, precisando de dinheiro – prestígio já tinha -, decidiu fazer novelas.

A cada ano, Manchete acumulava dívidas, embora registrasse bons momentos de audiência e faturamento.

Em 1994, um ano antes de morrer e desesperado com as finanças, Bloch foi até Marinho.

Esperou 4 horas na antessala. 'Preciso de ajuda!'.

Marinho: 'Adolpho, há dez anos eu estou esperando você retornar meu telefonema. Passar bem!'.

Longe de formular juízos sobre os dois, figuras polêmicas, penso ser possível, neste exemplo, trazer luz sobre as alianças que fazemos ao longo da vida.

Tiveram prestígio e dinheiro, mas morreram em situações opostas: um falido, o outro magnata.

Quando podia, Bloch esnobou Marinho; quando precisou, foi esnobado.

O mundo do trabalho tem lógicas, acredito.

O sucesso em avançar um empreendimento é proporcional à capacidade que temos para conquistar aliados.

Não há, no mundo atual, cada vez mais competitivo, como ocupar espaços sem o esforço individual estar conectado com o espírito cooperativo.

Fazer inimigos é fácil e rápido; manter e ampliar aliados, um desafio, que, às vezes, pode demorar.

Não falo de alianças espúrias, com interesses mútuos.

Ter aliados, um amigo (a), uma companheira (o) ou um cliente, é a oportunidade de, na necessidade, possuir, ao menos, chão para se sustentar, o que talvez tenha faltado à Bloch – Marinho era uma esperança, mas não fora o único a quem Adolpho recorreu, com insucesso.

Ah, sim, o dono da Globo foi ao velório de Bloch, mas ali já era tarde.

Há fases em nossas vidas em que é preciso fazer aliados, e a qualidade dessas alianças pode ser determinante no rumo que queremos dar à nossa vida, pessoal ou profissional.

Para pior ou para melhor".

*Retirada do site www.revistabula.com.br

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