Dias após a derrubada, por ordem da Justiça, de um barraco pertencente a um posseiro, erguido na área onde a Prefeitura planeja a fase do expansão do aterro sanitário, região do Horto, a Gazeta localizou mais uma moradia precária, na encosta de um morro, em uma das extremidades do terreno.
A habitação não pode ser vista da Via Jurandyr da Paixão de Campos Freire, que dá acesso ao bairro do Tatu.
Pela estrada de terra que corta o aterro, apenas um barraco parcialmente destruído pode ser visto de longe.
Por um caminho íngreme, a cerca de quinhentos metros do barraco destruído recentemente, a reportagem chegou à moradia.
Natural do Espírito Santo, Geronildo José de Oliveira (na foto acima), 63 anos, está no local há quatro anos.
Viúvo, vive sozinho num barraco precário, sem energia elétrica.
Alimenta-se do que planta: mandioca, milho e bananas.
A moradia, visitada pela reportagem, é simples e asssemelha-se às erguidos pelo Movimento dos Sem-Terra (MST). Ele não integra o movimento social, que permaneceu até o mês passado a poucos metros dali.
"Aqui ninguém é dono de nada, crio meus porcos, não quero problemas", disse com tranquilidade.
Ele é dono de 14 animais, que ficam em um dos vários cercados das imediações. As criações restantes pertencem a um morador da zona urbana (na foto acima)
Os cercados descem a encosta de um pequeno morro, a poucos metros de um curso d'água. Nas redondezas, há muita sujeira e amontoados de objetos descartados.
Questionado se conhece o projeto da Prefeitura de expandir o aterro, Geronildo desdenha.
"Não faz, não, e a mina que tem aí?".
É da mina, cuja existência foi mostrada no último dia 1º, quando foi revelada a presença de posseiros na região, que vem a água que o lavrador sacia a sede e toma banho, com a ajuda de uma pequena caneca.
Após a Gazeta revelar que cerca de 17 posseiros vivem na área do futuro aterro, sem qualquer documento que comprove a legalidade da ocupação, pelo menos um já deixou a área, segundo Geronildo, que desconhece seu futuro.
Ele disse que integrantes da Guarda Municipal sabem de sua permanência no local.
Apesar de não se sentir ameaçado, ele tem até um discurso pronto se precisar sair. "Não tem problema, só quero um espaço para morar e trabalhar".
O promotor de Meio Ambiente, Luiz Alberto Segalla Bevilácqua, autor da ação que culminou na saída do MST da região do futuro aterro, contou que a Prefeitura já o informou oficialmente sobre a presença dos posseiros e se comprometeu em identificá-los.
De acordo com o promotor, invasor é invador em qualquer situação e não existe direito à posse em área pública, principalmente quando o local já tem destino que beneficia toda a sociedade.
Bevilácqua aguarda as informações da Prefeitura para instaurar novo inquérito e, ao se confirmar a invasão, pedirá à Justiça a saída dos posseiros, assim como fez com os integrantes do MST.
A Prefeitura informou que o caso dos posseiros é um processo jurídico à parte e que o Município está pedindo a retirada.
"A área já é de posse do município - inclusive essa onde os posseiros estão é uma área de preservação permanente, ou seja, eles não podem estar nesse local", afirma em nota. (Colaborou Renata Reis)
Fotos: Mário Roberto/Gazeta de Limeira
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
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