Texto do autor publicado na coluna Prisma, edição de hoje (03/08/09) da Gazeta de Limeira:
"Desde quinta-feira, analiso vários ângulos para tentar medir a atitude do governador José Serra (PSDB) de adiar a volta às aulas na rede pública de ensino de São Paulo.
Fazia tempo que uma medida tão drástica e de repercussão não era tomada, mas reflito sobre os impactos da recomendação feita às escolas.
Na área de saúde, prevenção é palavra-chave.
Por este ângulo, com a proliferação de casos e, consequentemente, de mortes em várias regiões do Estado, toda precaução é válida e um gestor público na área de saúde não pode ficar indiferente à situação.
Serra, como pré-candidato à Presidência em 2010 e ex-ministro da Saúde, tem peso maior ainda diante da questão.
O adiamento recomendado pelo governo Serra deixou gestores municipais e da rede particular em situação incontornável.
Quem, após um aviso oficial do Estado, se arriscaria a bancar a continuidade das aulas?
Se um surto de gripe suína ocorrer numa escola, qual o tamanho do desgaste para o gestor municipal?
Para o dono de colégio particular, quanto isso pode representar em danos na imagem e, consequentemente, impacto financeiro?
Quando o Estado recomendou o adiamento, muitos pais pressionaram os colégios a aceitarem a sugestão.
Na rede municipal, houve quem pedisse aos diretores de escolas para não fazer perguntas, porque não havia respostas.
Fica claro que o Município não se preparou, assim como outros em todo Estado, para o adiamento.
Agora, será preciso um replanejamento de todo o ano letivo, qualidade e eficiência na publicidade de informações à população, principalmente às mães que não têm onde deixar os filhos, além das creches.
Cidades menores, que não registram casos de gripe suína, ainda resistem em manter as aulas, mas até quando irão contra a recomendação do Estado?
As perguntas que faremos às vésperas do dia 17 são se, de fato, haverá segurança para o retorno às aulas e se essa segurança é maior ou menor do que é hoje.
Sou realista: a perspectiva é de que mais casos apareçam em Limeira e em todo o Estado, já que, comprovadamente, o vírus H1N1 está em circulação, e não só nas escolas.
A sala de aula é apenas um de muitos locais onde há aglomeração de pessoas e, até o momento, missas e produção nas empresas, para ficarmos em dois exemplos, estão mantidas.
Um surto na rede estadual traria um desgaste no capital político de Serra às vésperas de uma eleição, na qual, até o momento, lidera a preferência de voto nas pesquisas de opinião.
Tachar a medida de adiamento das aulas como política pode parecer simplista diante da gravidade dos casos de gripe suína, mas não deixa de ter um naco de coerência.
Serra bancou o adiamento das aulas, e a maioria o acompanhou.
Terá o ônus daqui por diante"
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
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