É uma questão de comparação, mas o relato apresentado brilhantemente pelo repórter Denis Martins na edição desta terça-feira da Gazeta de Limeira (04/08) é grave e merece explicações urgentíssimas da Prefeitura, mais do que um suposto benefício a Eliseu.
Há uma multa aplicada em 25 de junho de 2008 e anulada no dia seguinte pelo diretor Maurício Delgado.
A alegação de que o agente que aplicou-a estava em treinamento é improcedente.
O agente que fez a multa foi capacitado em março e recebeu a formatura oficial do prefeito Sílvio Félix dois dias antes de sair às ruas em definitivo, o que ocorreu em 2 de junho de 2008.
A Prefeitura foi bem clara da primeira vez que se manifestou, dizendo que quando o agente vai para rua, já pode multar.
Quando o repórter insistiu e pediu entrevista com Delgado, houve amenizações.
A Prefeitura mudou o rumo e disse que quando o diretor escreveu a palavra "treinamento", quis dizer "adaptação".
O carro em questão é utilizado por uma assessora parlamentar lotada no gabinete da vereadora Nilce Segalla (PTB). Nilce é aliada do prefeito Sílvio Félix na Câmara.
Ouvida, a assessora se negou a comentar o assunto por telefone, só dizendo que não tinha conhecimento de nada.
É bem possível que ela nem tenha tido conhecimento da multa. Isso está relatado no talão.
A anotação foi para o Departamento de Trânsito, que viu pela placa a quem pertencia o carro. Na sequência, veio o cancelamento ordenado por Delgado.
Estranhíssimo, como se vê, e improcedente a alegação, como ficou evidenciado.
O caso de Eliseu tem todos os elementos estranhos, mas, aparentemente, não há ilegalidade, embora possa ser considerado por muitos como imoral.
Denis ouviu o presidente da Jari que anulou as multas de Eliseu e da filha de um assessor seu. Consultou um ex-presidente da Jari.
O indeferimento na primeira vez e o deferimento da segunda, apenas pelo presidente, estão dentro das atribuições da Jari.
Não defendo Eliseu. Mas ele e a filha do assessor têm o direito de pedir revisão de multas. São cidadãos, como qualquer outro.
Houve favorecimento? Não há provas, até o momento.
A tese de que observou os antecedentes dos motoristas para explicar o que considerou como "pessoa" pode parecer estranha, mas está dentro daquilo que um presidente da Jari pode fazer.
Alegar treinamento de um agente que passou por, no mínimo, quatro meses de capacitação e ganhou diploma de formatura já é demais e requer investigação, ainda mais tratando-se de um carro de uma assessora de vereadora aliada do governo.
A metodologia das multas, agravada com a revelação pela Gazeta do uso das câmeras de monitoramento, não pode continuar.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
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Interessante o seu raciocínio, mas pode levar alguém a pensar que um caso deve ser considerado e o outro não, por não ter sido levantado pela Gazeta, e sim por outro órgão de comunicação. Claro que o caso apurado pela Gazeta é mais grave que o benefício concedido ao vereador Eliseu. O caso do diretor de trânsito é uma afronta, enquanto que o do vereador Eliseu se reveste de uma (para usar uma palavra sua) "suposta" legalidade. Mas os dois casos estão dentro de um único contexto: trata-se de manipulação de um sistema público para beneficiar uma casta. Ambos merecem ser investigados com rigor. E os culpados merecem ser punidos com rigor. Mas tudo vai, mais uma vez, terminar em pizza. Ou não vai?
ResponderExcluirSim, os casos merecem ser aprofundados, mas, repito, as evidências estão mais nítidas na anulação da multa do carro da assessora de Nilce. A Gazeta tinha informações do caso de Eliseu e apurava-a antes do programa de rádio da Mix divulgar. Tomou o máximo de cuidado para não cometer nenhuma injustiça, o que não ocorreu, de fato, já que, como salientei, não há uma fragorosa irregularidade. O jornal consultou todos os lados para juntar as peças. Cabe, agora, ao promotor Cléber Masson, que já investiga o caso, aprofundar a apuração.
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