Texto do autor publicado na coluna Prisma, edição de hoje (10/08/09) da Gazeta de Limeira:
"Tinha um artigo pronto sobre o insulto que o Movimento dos Sem-Terra (MST) fez a Limeira, ao cercar a área de lazer do Horto e fazer, dos brinquedos pagos pelos contribuintes e famílias limeirenses, o seu quintal.
Mas quem são eles, de onde eles vêm? Mudei logo de ideia.
A vitória de César Cielo, da vizinha Santa Bárbara D’Oeste, na histórica Roma, no final de semana passado, emocionou os brasileiros, gostem eles ou não de esportes.
Sua história humilde e gigante assemelha-se a de muitos outros meninos e meninas espalhados por este País, que, com disciplina, concentração e vontade de vencer, conquistaram o mundo (nem precisava tanto) com a força e a honra de seu trabalho.
Não é preciso ir longe. Tive o privilégio de conviver, poucos anos, é verdade, com dois jovens limeirenses que não mediram o tamanho de seus sonhos, mas fizeram deles um objetivo a ser alcançado com o suor do dia a dia.
Um, por ser de geração anterior à minha, costumava ser um dos integrantes a completar os times de futebol da turma de garotos que, por tantas tardes a fio, teimava em gastar a sola dos pés nos altos da Rua Albino Buzolin, atrás de uma bola de capotão.
Hoje, Guilherme Guido não completa mais um time, mas é Limeira a nadar de braçadas nas piscinas do mundo, chance de medalhas para um País.
O outro, sempre foi excessivamente alto e, de tão alto, protagonizava cenas curiosas, desengonçadas, alvos de uma ou outra piadinha.
Quando gastava a sola dos pés nos asfaltos do Jardim Santo André, sempre o colocávamos no ataque, e bola na área para nosso centroavante cabecear – com aquela altura, não havia zagueiro que o alcançasse. Ou era opção para o gol, já que podia interceptar qualquer cruzamento.
Hoje, Leandro Araújo da Silva, ou Leandrão, é Limeira na seleção que o técnico Bernardinho prepara para se tornar uma geração tão vitoriosamente olímpica quanto as anteriores.
Os jovens limeirenses, assim como Cielo, saíram de bairros periféricos do interior de São Paulo. Como quaisquer outros garotos, tinham sonhos e, por eles, trabalharam – horas de treinamento, de insistência em corrigir os erros, concentração, estudos, vontade de vencer pela dedicação.
Guido e Leandrão, quem são eles, de onde eles vêm? São gente de nossa terra, nosso sangue, que pode levar nossa cidade a brilhar em Londres-2012.
Se Limeira é vista por muitos como 'pequena' - o que de fato é, em muitas circunstâncias -, as histórias desses jovens mostram que o tamanho de nosso mundo é determinado apenas pelo modo como o vemos".
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
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