A Operação Juízo Final, nova etapa da investigação da Polícia Federal chamada "Lava Jato", deflagrada na última sexta-feira, se distinguiu de tantas outras já feitas pela corporação por ter levado à prisão, provavelmente bem temporária, executivos de grandes empreiteiras que estariam envolvidas em fraudes na Petrobras.
Pelo que foi divulgado, a PF acredita ter atingido o coração do financiamento de campanhas eleitorais, ajudado a amenizar a impressão de que no País se chega ao corrupto, mas nunca ao corruptor, e dado um exemplo simbólico na luta contra corrupção.
Para consolidar estas impressões, porém, existe um longo caminho.
Já vimos este filme muitas vezes, inclusive em Limeira.
Monta-se uma grande operação, lançam acusações gravíssimas, com muitas evidências. Mas aí advogados encontram uma pequena falha processual, meramente burocrática, e todas as provas, bem como a ação, são anuladas, ficando tudo impune.
Já vimos isso na Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas; na Operação Castelo de Areia, que atingiu uma grande empreiteira, e também na limeirense Operação Dissolve, contra um megaesquema de adulteração de combustíveis.
Se o futuro da Lava Jato na Justiça ainda precisa de tempo, os desdobramentos políticos da operação ao menos devem ser imediatos.
Não adianta a presidente Dilma tergiversar. A Petrobras perde credibilidade a cada semana, a cada nova denúncia.
Na campanha eleitoral, Dilma batia na tecla de que seu governo se diferenciava do PSDB porque não havia engavetamentos.
Agora, o Ministério da Justiça dilmista determinou a investigação de integrantes da PF, participantes da operação, que teriam dado apoio em redes sociais a Aécio Neves durante a campanha eleitoral.
A reação do governo Dilma, por ora, é investigar quem faz a investigação. Não é um bom começo.
O mundo da política ainda não foi atingido pela Lava Jato, mas é uma questão de tempo.
Fala-se que 70 pessoas com foro privilegiado, possivelmente a maior parte políticos com mandato no Congresso, foram citadas nas apurações e delações premiadas.
Estamos diante de um escândalo, ao que parece, mais abrangente que o mensalão, que, aliás, não serviu de aprendizado a nada. As siglas mais atingidas podem ser o PT e o PMDB, a dupla que foi reconduzida para mais quatro anos no Planalto.
Se o País está disposto a ter juízo quando o assunto é corrupção, é preciso que as instituições se fortaleçam com investigações eficazes, que punam os envolvidos e consigam o ressarcimento ao erário.
Que a Lava Jato estabeleça novos parâmetros na luta contra a corrupção no País!
* Artigo publicado originalmente pelo editor na edição de 17-11-14 da Gazeta de Limeira
** Crédito da imagem: Divulgação/PF
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
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