De fala calma, o secretário municipal de Administração, Tercio Garcia, não deixa a impressão a nenhum interlocutor de que está respondendo por crimes à Justiça.
Mas está. Não uma, mas, possivelmente, duas ações penais.
Na primeira, revelada pela Gazeta de Limeira em fevereiro do ano passado por este jornalista e a colega Renata Reis, ele é acusado de não executar uma lei de São Vicente, onde foi prefeito, e, com isso, reter dinheiro que era para ser repassado a um órgão de servidores municipais.
Na segunda, revelada hoje pela Gazeta pela mesma dupla de jornalistas, Tercio foi denunciado por crime de responsabilidade, em desviar, ou aplicar indevidamente, rendas ou verbas públicas. A pena prevista em caso de condenação é de detenção de três meses a três anos.
A denúncia foi oferecida pelo Ministério Público Federal de Santos em maio e, agora, chegou às portas de Limeira.
Tercio será notificado para apresentar defesa prévia. Só depois a Justiça Federal de Santos analisa se abre a ação penal. Deve abrir, pois o primeiro despacho judicial aponta que há justa causa para o processo.
O ex-prefeito é acusado, juntamente com um secretário, de desviar R$ 10,5 milhões de um convênio federal para contas gerais da Prefeitura.
Tercio diz, com convicção, que o dinheiro foi aplicado no funcionalismo público. Como a grana caiu numa conta geral, só é possível verificar, por meio de extratos bancários, para onde foi o dinheiro sacado desta conta, mas não de onde veio.
Pelo mesmo caso, Tercio já está com ordem de bloqueio de bens no valor de R$ 10 milhões. Como este blog revelou em setembro, a ação civil pública que a prefeitura de São Vicente moveu foi encaminhada à Justiça Federal.
Tercio não tem condenação, por ora. Mas o Judiciário da Baixada Santista procura-o para responder a fatos que ele deixou para trás em São Vicente. E procura-o aqui, mais especificamente no Edifício Prada, na Prefeitura de Limeira.
Eleito com a bandeira da transparência, com o mote de fazer o limeirense esquecer a tragédia do governo Silvio Félix, Paulo Hadich vai aos poucos minando a imagem de probidade que pregou em sua campanha.
É incompreensível o discurso do respeito ao dinheiro público tendo, como responsável pela pasta da Administração um secretário acusado, inclusive pela Controladoria-Geral da União (CGU), de malversação de dinheiro público - e aí não importa o fato de ser em local X ou Y.
Em janeiro de 2013, um integrante do alto escalão do governo Hadich confidenciou-me que fizeram uma varredura no nome de Tercio e não indicaram nada de seu passado que o desabonasse a ocupar o cargo.
O futuro pode ter indicado o contrário.
* Crédito da imagem: Gazeta de Limeira
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
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