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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Afinal, falta o quê para o básico?

As queixas feitas pelos vereadores à Prefeitura de Limeira e o abandono do prédio histórico no Centro que abrigou o Legislativo no passado (na foto), mostrados pela Gazeta, me remeteram ao que escrevi neste espaço, em maio de 2010, num artigo intitulado "Falta vontade para o básico".

Na época, abordei o constante abandono de áreas verdes, de lazer e outros espaços públicos coletivos e questionei se não era possível criar um programa permanente de manutenção.

Mostrei que, segundo o IBGE, Limeira tinha, em 2009, 234 servidores comissionados na administração direta, o que equivalia a 4,6% do total, o segundo maior contingente da região. O orçamento de Limeira para o exercício de 2011 se aproximava de R$ 500 milhões, proporcionado pelo bom momento da economia nacional que beneficiava os municípios.

Daí que, com aquele dinheiro e recursos humanos, não convencia muito a tese de que faltavam ambos para explicar a ausência do básico.

Voltemos a 2014. O vereador Nilton Santos tem dificuldades para o atendimento de demandas simples e diz que a Prefeitura não tem dinheiro para troféu nem para transportar crianças para competições, além de alertar há anos sobre pombos no pavilhão do feirante no Parque Nossa Senhora das Dores.

Ronei Martins está cansado de pedir melhorias no centro comunitário do mesmo bairro, suas queixas são ignoradas há quase dois anos. Jú Negão cobrou melhorias para uma via do Cecap que registrou uma morte recentemente, ele já tinha feito isso antes.

Não tenho a proporção exata do peso de comissionados atualmente, mas, em maio, a Prefeitura informou ao vereador José Roberto Bernardo que tinha 378 ocupantes em cargos de confiança.

Evidente que o número de efetivos também aumentou nos últimos cinco anos, bem como a população, que saltou de 281 mil para 294 mil habitantes estimados. Sim, a demanda de serviços básicos também cresceu. Bem como o orçamento, que praticamente dobrou e foi para R$ 1 bilhão estimados.

O prefeito Paulo Hadich nunca se mostrou afeito à ideia de subprefeituras. Também nunca fui, não vejo essa necessidade para uma cidade do porte de Limeira. Se na prefeitura o cidadão não obtém sucesso em suas demandas, é natural bater à porta do Legislativo, que se transforma numa espécie de subprefeitura ao atender os pedidos. Mas, se os vereadores também não conseguem ser atendidos, a quem o cidadão pode recorrer?

Afinal, com R$ 1 bilhão de orçamento e uma prefeitura com muitos servidores, falta o quê para que coisas simples e básicas sejam feitas?

* Artigo publicado originalmente pelo editor na edição de 10-11-14 da Gazeta de Limeira

** Crédito da imagem: JB Anthero/Gazeta de Limeira

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