Notícias sobre Justiça, leis e a sociedade: fatos e análises.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Como um ex-diretor do governo Félix dobrou a base de Hadich e despejou o PT da Mesa

* Vitória de Nilton sela noite de derrotas para o governo Hadich

* Dos 6 eleitos, só Jú Negão esteve na chapa vitoriosa de 2012


Ex-diretor de planejamento habitacional no governo de Silvio Félix, ex-angariador de votos para a campanha de Constância Félix e ex-apoiador de Lusenrique Quintal, o pastor Nilton Santos (PRB) falava em disputar a presidência da Câmara logo depois de sua eleição, com mais de 4 mil votos, em outubro de 2012.

Havia um porém, que se chamava Ronei Martins, detentor de históricos 12 mil votos e da mesma vontade nutrida pelo pastor.

Paciente, Nilton teve de ceder, mas não o fez sem levar nada em troca. Nas conversações, conseguiu se eleger como primeiro-secretário da Mesa Diretora.

Assim, esqueceu rapidamente o discurso de oposição e passou a compor com Hadich, votou favoravelmente a quase todas suas propostas e integrou a base governista nos últimos dois anos.

Com a impossibilidade de Ronei se reeleger, botou seu nome na praça novamente e costurou a articulação que o levou, na noite de ontem, à presidência do Legislativo.

Nilton procurou vereadores da oposição e ouviu acenos positivos à sua candidatura, desde que o PT, maior bancada da Câmara, ficasse fora da Câmara.

Hadich irritou-se com essa movimentação de Nilton e passou a incensar, para a disputa, o velho aliado Raul Nilsen Filho (PMDB) e Farid Zaine, ex-secretário de Félix que aderiu à base de Hadich desde o início da legislatura.

Farid não se interessou pelo cargo. Raul foi à luta.

Aí foi Nilton quem se irritou com a atitude de Hadich. O contra-ataque foi rápido. O pastor fez chegar à imprensa que poderia ressuscitar a CP contra Raul pelo episódio da dengue – na qual o ex-secretário de Saúde e Hadich estão com bens bloqueados pela Justiça no valor de R$ 1 milhão – e também a CPI das Consultorias, com alto potencial para atingir Mauro Zeuri, um dos pilares do governo Hadich.

A ameaça permaneceu no ar até o momento da votação.

Com o discurso de lutar pelas reivindicações dos vereadores e intensa negociação de cargos, Nilton obteve não só os votos da oposição como também o de vereadores da base de Hadich, como Dinho e Jú Negão, que ignoraram solenemente a resolução sem sal nem açúcar do PSB, partido de Hadich, que preferia Raul.

Um registro: dos seis cargos em votação na noite de ontem, cinco foram preenchidos por vereadores que não integraram a coligação vitoriosa de Hadich em 2012.

Apenas Jú Negão, do PSB, pertence à base original do prefeito, mas seu descontentamento com a administração é visível faz tempo e ele está longe de ser um soldadinho do prefeito.

Amarrados com Hadich, Érika Tank, Farid Zaine e Miguel Lombardi, futuro deputado federal, votaram 100% com o governo e perderam todas. (texto continua depois da imagem)

Desestruturada e enfraquecida politicamente, a base de Hadich sofreu outra derrota na noite de ontem, sendo obrigada a retirar da pauta o projeto de IPTU para chácaras de recreio.

A pressão dos chacareiros foi tanta que o líder do governo, Wilson Cerqueira, precisou tomar as rédeas e, em nome do governo, recuou.

Tudo sob a observação de Silvio Brito, ex-vereador que assistia a sessão após participar de muitas conversas nos últimos dias sobre a eleição, e diante do olhar sereno e indisfarçável de satisfação de Nilton Santos, presidente eleito da Câmara.

* Crédito da foto 1: ASCOM/PRB
* Crédito da foto 2: Carolina Pontes

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Envie seu comentário