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sábado, 18 de abril de 2009

Ex-policial acusado de achacar ladrões fez torturas em Limeira

O ex-investigador de polícia G.T., 30, que teve a prisão preventiva decretada no dia 6 pela Justiça de Campinas pela acusação de, juntamente com outros três policiais civis, sequestrar supostos autores de crimes e exigir pagamento para não prendê-los, já agiu em Limeira, sendo condenado a 11 anos de prisão.

O caso ocorreu em 22 de abril de 2003, época em que G., exonerado da corporação em fevereiro deste ano, veio até à Limeira em companhia do delegado C.L.S.Q.G., 43, e do agente policial L.A.S. (vítima de homicídio, em circunstâncias pouco esclarecidas, segundo divulgado pela imprensa campineira).

O delegado e o investigador foram condenados no início de 2007 pela Justiça de Limeira por concussão (exigência de vantagem indevida por parte de funcionário público), tortura qualificada e roubo. C. pegou nove anos de reclusão, enquanto G., condenado também por peculato (valer-se do cargo público para apropriar-se de algo), recebeu pena de 11 anos.

G. figurou no noticiário nacional no início deste mês após operação conjunta do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-Campinas) e da Corregedoria Auxiliar da Polícia Civil apurar que, junto com os policiais J.F.S., S.G.O. e A.L.S., sequestrava supostos ladrões e exigia o pagamento de quantias elevadas de dinheiro para levá-los à prisão, segundo o Ministério Público (MP).

Após as primeiras evidências aparecerem, a Justiça autorizou o monitoramento das convesas telefônicas dos policiais. Os diálogos interceptados comprovaram o esquema.

Um dos casos levantados foi o de G.L.R., abordado por um homem que se identificou como policial civil quando saía de casa, em Campinas, no início de dezembro de 2008. Outros dois homens se aproximaram, colocaram-no em uma viatura e o conduziram até o 4º DP local.

Lá, foi trancado numa sala. O ex-investigador agrediu-o a tapas, afirmando que sabia de furtos praticados por ele. Exigiu R$ 100 mil para libertá-lo. A vítima foi liberada após pagar R$ 4 mil e dar uma moto aos policiais.

Os colegas de G. foram identificados em outra situação de achaque. Em julho passado, J.F.S. e S.G.O. abordaram L.F., no bairro Santa Genebra, em Campinas. Segundo o MP, L. foi retirado de seu carro e posto num Palio Weekend, sendo agredido a socos e pontapés sob a tese de que tinham provas de sua participação em um furto de caixa eletrônico. Para não prendê-lo, exigiram R$ 100 mil. Liberaram o rapaz após receberem R$ 10 mil e um Montana. Na ocasião da decretação de prisão preventiva, G. e A.L.S. foram os únicos não localizados pela polícia.

Tortura em Limeira


Em 22 de abril de 2003, G., o delegado C. e o agente policial L. constrangeram quatro pessoas, entre parentes e frentistas, usando violência e ameaça, causando-lhes sofrimento físico e moral, com o objetivo de obter informações a respeito do paradeiro de R.S.P., um dos donos do Auto Posto Promissão, localizado na Rodovia Anhangüera.

Eles roubaram também combustível do carro do proprietário do estabelecimento, de acordo com sentença assinada em ação que tramitou na 1ª Vara Criminal.

As vítimas foram categóricas ao afirmarem as exigências feitas pelos policiais para receberem dinheiro e as agressões. Tudo para que a irmã de R. informasse seu paradeiro. Em seguida, passaram a exigir dela importâncias em dinheiro para não realizarem uma prisão.

O valor do achaque, segundo denúncia do MP, foi de R$ 300 mil. Os policiais alegaram à Justiça buscar a investigação da participação de pessoas em estelionatos. As vítimas foram imobilizadas com fios e algemas durante a ação.

A irmã do dono do posto relatou que, desde o início da abordagem, os policiais buscavam obter vantagem indevida, sob ameaça de todos serem levados presos e ser chamada a imprensa. Além de terem levado cheques, os policiais deram, segundo a sentença, uma "mal explicada apreensão de um veículo Audi, sob a pífia alegação de que estava com o lacre rompido e nem mesmo apresentaram a ocorrência na delegacia do sítio dos fatos, fazendo-o na cidade de Campinas, isto sem qualquer justificativa".

O MP chamou a atenção para o relato de uma das vítimas: "Os caras com arma em punho, tanto faz pedir, mandar, vou abastecer, a arma na cintura, se fui agredido, se pedisse para pular da ponte pularia".

G. foi o único enquadrado por crime de peculato, por ter sido o responsável pela apreensão de objetos que se encontravam dentro de um Gol. Ele teria se apropriado de mais de 40 CDs, óculos de sol e R$ 10 mil em dinheiro pertencentes ao dono do posto.

A Justiça entendeu não haver, por outro lado, elementos seguros para condenar o ex-investigador e o delegado por prática de prevaricação e falsidade ideológica, crimes que também constaram na denúncia do MP. Os policiais negaram as acusações

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