O documento vazado da Secretaria de Comunicação do governo federal, que mostra os problemas vividos por Dilma e aponta sugestões, veste perfeitamente o governo Paulo Hadich.
Muito antes do epicentro da dengue, as forças políticas que o elegeram parecem minoritárias nas redes sociais, tal como as que elegeram a petista à presidência.
Basta uma olhadinha no perfil do prefeito ou na página da Prefeitura. Em qualquer assunto tratado, a grande maioria dos comentários é de crítica contumaz e, desde o início de fevereiro, sempre relativo à epidemia.
Em 2012, Hadich acertou na militância digital de sua campanha.
Em sistema de revezamento e plantão, a equipe ofuscava qualquer foco negativo publicado na rede, bem como propagava positivamente a própria campanha. Foi esse movimento que barrou, instantaneamente, os estragos de um vídeo criminoso e difamatório postado nas redes na última semana.
Se na avaliação interna o governo Dilma rompeu, no início de 2011, com a militância digital, em Limeira a equipe se desmontou e foi toda aboletada em cargos na Prefeitura. Por um tempo, funcionou em ação conjunta, mas o vazamento de uma dessas conversas na rede provocou um tremendo mal estar interno, com direito até de pito de Hadich em seus subordinados.
Se o ativismo pró-Dilma na internet foi quase extinto, o pró-Hadich em Limeira está enfraquecido, prega apenas para convertidos e é incapaz de estabelecer o diálogo que, na campanha eleitoral, funcionou com perfeição.
Com o Edifício Prada em estado letárgico, as forças de oposição a Hadich, bem como antipatizantes, deitam e rolam com um fluxo contínuo de material anti-PT e anti-Hadich, assim como a oposição faz com Dilma no plano federal.
Se na versão da Secom o jogo político, transformado em metáfora futebolística, apontou que Dilma está entrando em campo perdendo de 8 a 2, imaginemos aqui: em agosto passado, de cada dez limeirenses, menos de dois avaliavam positivamente o governo Hadich. Depois da dengue, são poucos os que acreditam que esse número subiu.
A comunicação de Dilma diz que é possível virar o jogo, ganhando, antes das redes, as ruas novamente, respondendo, de forma clara e objetiva, o que é feito no País e contra seus problemas.
A receita é simples: falar mais, se expor mais. Indiretamente, se comunicar melhor e com mais humildade.
A receita pode ser aplicada aqui?
Sim. O problema é que o governo Hadich, como todos os grupos políticos em geral, tem dificuldade em lidar com críticas e vê golpismo e ação orquestrada por adversários em tudo.
Aí reside a grande diferença entre os planos nacional e municipal. Se em Brasília houve um descolamento entre o governo e a sua militância, em Limeira o descolamento se deu diretamente entre o governo e a população em geral.
* Artigo publicado originalmente na Gazeta de Limeira edição de 23-03-15
terça-feira, 24 de março de 2015
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