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segunda-feira, 9 de março de 2015

Luta coletiva

Um acompanhamento do Dia D, realizado (ainda que tardiamente) na última sexta-feira, rende várias percepções sobre o modo como os limeirenses tratam a questão da dengue.

A primeira conclusão, óbvia, mas fortemente evidenciada no Dia D, é que parcela expressiva da população deposita toda responsabilidade do combate somente à Prefeitura.

O mutirão, planejado para ser um marco simbólico e com o objetivo de mobilizar toda a comunidade, concentrou esforços nos bairros onde há maior registro de casos – uma vez que seria impossível passar em todos.

Mesmo assim, o que se ouviu de muita gente foram críticas porque o mutirão não passou em seu bairro.

A amostragem feita pelo Dia D mostra um panorama que não permite aos limeirenses apenas culparem o Executivo pela inação.

Um em cada seis imóveis tinha criadouro do mosquito, confirmando a tese de que o maior perigo está nos quintais das residências.

Evidente que o poder público precisa dar exemplo, cuidar dos próprios municipais e intensificar a limpeza desses espaços. Mas não dá para os limeirenses, de forma geral, se eximir de suas responsabilidades.

Outro dia, um conhecido cobrava atitudes do prefeito contra a dengue. Falei a ele que o melhor seria vistoriar as imediações de seu espaço e eliminar possibilidades de criadouro. Ele me disse que já o fez, mas que outros ao redor não faziam.

Expliquei-lhe que deveria conversar com os vizinhos. Dali, passou a reclamar do mato alto de locais públicos nas redondezas. Esclareci que mato alto não é criadouro do mosquito. Mas as garrafas e objetos jogados são, ele diz. Sim, respondi, mas quem os coloca ali?

É compreensível a revolta das pessoas que contraíram a doença ou que perderam familiares por causa dela. É importante discutir, sim, se as ações de prevenção foram feitas lá atrás ou não, se a Prefeitura deveria intensificar nebulização ou não, aplicar fumacê ou não.

Tudo isso pode contribuir para ações futuras, no intuito de evitar epidemias no próximo ano.

Agora, a comunidade deve se concentrar na luta contra o mosquito.

Xingar esse ou aquele não tem resultado prático.

Revolta contra aquele ou esse governante deve ser demonstrada no campo adequado, no voto. Não estamos em momento de corrida eleitoral, mas no meio de uma luta coletiva de saúde pública.

Se o Dia D foi incapaz de atender às expectativas da população, pelo menos serviu para demonstrar que, enquanto reclamamos, criadouros estão por aí, trazendo risco às pessoas, esperando alguém para eliminá-los.

Quem vai removê-los? Podemos esperar o poder público, mas é mais fácil agirmos no nosso espaço e cobrar, incisivamente, a Prefeitura, em relação aos espaços dela.

Essa ajuda mútua pode salvar vidas.

* Artigo originalmente publicado na Gazeta de Limeira edição de 9-3-15

** Crédito da imagem: Prefeitura de Limeira

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