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terça-feira, 14 de junho de 2016

Mãos – e cabeça - a obras

Se a falta de obras foi censura constante dos críticos da administração Hadich nos últimos três anos – ausência admitida pelo próprio chefe do Executivo, que gosta de acentuar medidas pouco visíveis, segundo ele, mais essenciais -, o atual canteiro em vários pontos da cidade faz o governo “tirar a barriga da miséria” – dessas que muitos lembram a sincronia com o ano eleitoral.

Tem para escolher: obra na Praça do Museu, do piscinão, na Avenida Gumercindo Araújo, recapeamento do anel viário e, em breve, o alargamento da estrada que vai para o Horto.

Toda intervenção altera rotinas. É necessário, sim, passar pequenos sufocos, às vezes, para obter benefícios posteriores.

Ninguém em sã consciência é contrário a qualquer obra, pois ela representa o dinamismo, a mudança necessária – presume-se – para melhor.

O retrato, porém, da já complicada região da rotatória do Enxuto, mostrada pela Gazeta no sábado, revela a necessidade de outra intervenção – não de obra, mas planejamento, paciência e orientações.

Lembro, não faz muito tempo, quando a então Foz do Brasil (atual Odebrecht Ambiental) precisou fazer grande obra na região central. Para tanto, com antecedência, a concessionária fez um trabalho primoroso tanto na comunicação – conversa com moradores, divulgação na imprensa - quanto na execução – por partes, com um trecho sendo iniciado após a liberação de outro.

A obra durou meses e este jornal não recebeu uma queixa sequer. Mal começaram as obras na região do Enxuto e as reclamações recebidas e ouvidas por este jornalista não caberiam neste espaço.

A obra do piscinão – longa e necessária – causou transtornos demais a muitos comerciantes e ainda não terminou. Ruas que acabaram de ter o asfalto remexido viraram vias alternativas e estão sobrecarregadas.

O início de intervenções nos dois sentidos do anel viário que confluem para a mesma região já em obras é pouco inteligente, mas, se inadiáveis por questão de necessidade de gastar o dinheiro federal para não perdê-lo, como justificou o secretário Marcelo Coghi, ao menos que trouxesse consigo uma carga suficiente de agentes de trânsito – ou quaisquer outros servidores – para orientar o fluxo e, especialmente, indicar vias alternativas.

Dizer o surrado “transtorno é passageiro, mas o benefício é permanente” soa bonito na teoria, mas carece de concretude quando o instrumento para tanto se transforma num exercício perigoso diário para milhares de pessoas, sejam comerciantes, motoristas, pedestres: cidadãos que – esqueçam partidos, esqueçam eleições – só querem o direito de voltar para casa com a segurança e a orientação à altura do imposto que pagam e permitem planejamento e execução de obras com eficiência.

*Texto originalmente publicado na coluna Prisma na Gazeta de Limeira edição de 14-6-16

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