Ao tomar posse ontem na Câmara dos Deputados, Miguel Lombardi terá pela frente um desafio muito maior do que simplesmente encurtar as distâncias entre a cidade e Brasília, como ele propõe.
O tortuoso pano de fundo é, ao longos dos próximos anos, fazer Limeira, enfim, chamar um deputado de seu.
As projeções que ouço sobre a atuação de Lombardi são díspares e, não raras, vão de um extremo ao outro.
Há quem aposte que ele, novato nos corredores do Congresso Nacional e apenas mais um integrante de uma bancada com mais de 30 parlamentares, terá pouco espaço para se fazer ouvir.
Há quem deposite em Miguel muitas fichas, no sentido de que ele tem condições de beneficiar bastante a cidade.
Esta última visão decorre de um entendimento superficial e predominante em Limeira, na qual o deputado só tem serventia se virar um canal por onde irrigue recursos do orçamento federal, pouco importando como ele pensa ou vota em projetos de relevância nacional.
Para quem julga a atuação de um deputado por apenas este fator, há motivos para esperar algo de Lombardi.
Eleito por um cálculo decorrente do efeito Tiririca, ele sabe que tem baixa densidade política (elegeu-se com 32 mil votos), precisa ocupar espaços e mostrar muito trabalho para ter alguma influência na nova Casa.
Ele próprio já sugeriu, em entrevistas, que não deseja trilhar muito este caminho.
O que significa que ele deve focar sua atuação como intermediário, ou melhor, um representante de sua base eleitoral.
Diferentemente de Otoniel Lima, eleito com votos em muitas cidades, entre elas Limeira, Miguel teve a maioria de seus votos (30 mil) aqui na cidade, o que a torna, praticamente, sua base principal.
Não havendo contas a prestar com outros eleitores, há um caminho imenso para Miguel focar seu mandato em Limeira e imediações.
Outro ponto que auxiliará o deputado neste intento é o relacionamento estreito com o prefeito Paulo Hadich.
Quando assumiu como deputado em 2011, Otoniel já trazia rusgas com Silvio Félix quando de sua passagem anterior pela Assembleia Legislativa e, no ano seguinte, apoiou Lusenrique Quintal para prefeito, adversário do atual ocupante do Prada.
Nem mesmo Lombardi assumiu sua cadeira em Brasília e Hadich já creditou ao aliado, em divulgação institucional da Prefeitura, a liberação de recursos para Limeira.
Miguel está longe de ter o perfil de líder regional, como vemos em outras cidades que têm representantes há tempos no Congresso.
Discreto, ficou 14 anos na Câmara e foi alçado deputado sem ter passado pela visibilidade da presidência do Legislativo local.
Sinal de que é arriscado subestimar com antecedência sua atuação no Congresso.
Há caminho aberto para uma atuação ativa em benefício a Limeira. A conferir.
* Artigo publicado originalmente pelo editor na edição de 02-02-15 da Gazeta de Limeira
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
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