O impeachment da presidente Dilma Rousseff parece próximo quando ouvimos conversas na rua e lemos discursos em rede social.
Há quem crie eventos para comemorar a queda como se ela fosse uma festa de final de semana.
Há quem peça sua saída porque não gostou das medidas recém-anunciadas no âmbito econômico.
Hoje, há espaço para verbalizar qualquer ideia, ainda que esta tenha pouco embasamento.
O movimento que visa atingir Dilma encontra, até aqui, comparações com os absurdos pedidos de cassação contra o prefeito Paulo Hadich que chegaram à Câmara em seus dois primeiros anos de mandato.
No âmbito nacional, há ingredientes em comum.
Existe uma parcela imensa de brasileiros raivosos com Dilma, o que explica os 51 milhões de votos que quase deram a presidência a Aécio Neves.
Segundo, está em curso uma investigação que lança acusações gravíssimas ao partido da presidente, ainda a serem comprovadas – em Limeira, qualquer ação do MP vira, para alguns, justificativa para cassar o prefeito em exercício.
Nesta semana, a mais grave acusação no caso da Lava Jato deu conta de que o PT recebeu até US$ 200 milhões em propinas na última década.
Surgiu na imprensa um parecer que aponta viabilidade jurídica para iniciar um processo de impeachment de Dilma.
Li o texto e tive a impressão de estar diante de uma cachoeira em que a água, para chegar ao destino, desvia-se entre milhares de pedras, em trajeto sinuoso e entre brechas, tudo para que a tese desejada saia justificada.
Noutras palavras, forçaram a barra.
Embora seja o desejo de muitos, não há nada, por ora, que ligue Dilma aos maus feitos na Petrobras. Há, sim, fortes indícios de que seu partido, ou nomes indicados por ele, engendrou esquema de arrecadação ilícita de dinheiro para turbinar campanhas eleitorais.
O desafio dos investigadores é verificar se este dinheiro ilegal abasteceu a campanha de Dilma. Se isso ficar comprovado, ela tem motivos para ficar preocupada.
Não devemos esquecer que eventual discussão de impeachment precisa, além de um fato jurídico embasado, de um momento político, já que o resultado, qualquer que seja, é dessa natureza.
O descontentamento com o governo Dilma e a crítica de quem está cansado de tantos escândalos de corrupção são o que mais abastecem a vontade de cassação.
Se a presidente está fazendo tudo o que combateu na campanha e o que ela dizia que seus adversários fariam, descontentamento se mostra na urna, e não em aventuras jurídicas lançadas ao sabor das circunstâncias.
Impeachment é coisa séria demais para ser tratada como o próximo capítulo da novela das oito.
* Artigo publicado originalmente pelo editor na edição de 09-02-15 da Gazeta de Limeira
** Crédito: Presidência da República
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
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