Se o fatídico gol de Ghiggia, marcado há 65 anos no Maracanazzo, pairou como um fantasma sobre o futebol brasileiro, só amenizado após o 7 a 1 alemão da Copa passada, o ano de 2012 legou à política limeirense fantasmas à espreita, encarnados em personagens ou projetos marcados por dúvidas existenciais.
As reações provocadas pela presença de dois pré-postulantes à Prefeitura de Limeira na pesquisa feita pela Limite Consultoria a pedido da Gazeta – Quintal e Félix – revelaram que os episódios ocorridos há três anos – tanto a cassação quanto a corrida eleitoral daquele ano - permanecem sensíveis no imaginário limeirense. Especialmente no caso de Félix, que aliou um bom potencial de votos a um alto índice de rejeição, no melhor espírito de "bem ou mal, mas que falem de mim".
Convém esclarecer que a presença dos dois atendeu ao critério, adotado pela Gazeta, de procurar os partidos políticos, únicas agremiações que podem lançar candidatos.
As condições de elegibilidade, assunto de competência da Justiça Eleitoral, não impedem que os partidos tenham esperança ou façam política trabalhando (ou não) com nomes que podem vir a ser impugnados posteriormente.
Os insatisfeitos com tal situação deveriam cobrar os partidos – e no momento mais adequado, nas urnas – sobre a natureza de tais pretensões.
Fato é que parece sintomático o quanto um prefeito que foi cassado após ter a família presa, alvo de inúmeras ações por irregularidades, cause irritação e provoque tanta discussão nos meios políticos.
Félix, caso efetive a candidatura, será o alvo mais fácil, uma vez que as prisões já citadas foram televisionadas, amplamente divulgadas na mídia local e nacional na época. O arsenal está à disposição aos montes na prateleira dos adversários. Há sentenças e mais sentenças desfavoráveis ao ex-prefeito.
Mas parece que, ainda assim, Félix se assemelha ao fantasma que Ghiggia, que morreu na semana passada, se tornou ao marcar o gol que silenciou o Maracanã em 1950.
Ele incomoda – se, por um lado, desperta sentimentos de revolta aos que lembram do misterioso patrimônio milionário desnudado, desperta simpatia em outra parcela da população que não esquece os legados (obras) que ele deixou na administração pública.
Quintal, ao seu jeito, mesmo acusado de fatos gravíssimos na campanha de 2012, também seguirá à espreita, capaz de levar até o fim uma candidatura cujo destino é impossível prever.
Se até na ficção ninguém sabe ao certo o método eficaz para combater fantasmas, imaginem na política real...
* Artigo publicado originalmente na Gazeta de Limeira edição de 20-7-15
segunda-feira, 20 de julho de 2015
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