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domingo, 4 de abril de 2010

Mercado vê trabalhador mais escolarizado e isola analfabeto no campo em Limeira

* Trabalhadores analfabetos se concentram na agropecuária

* Maioria dos funcionários tem ensino médio completo


Dados do Ministério do Trabalho apontam que, apesar do crescimento na contratação de analfabetos, ocorrido na agropecuária, aumentou o nível de escolaridade entre os trabalhadores do mercado formal em Limeira. Entre 2007 e 2008, cresceu a participação de empregados com nível médio completo, superior incompleto e superior completo.

Conforme dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2008, a mais recente divulgada pelo ministério, Limeira tinha 10.939 trabalhadores com ensino superior completo, cuja participação subiu de 12,82% no ano anterior para 13,4% - em números absolutos, o crescimento foi de 8,4% nesse estrato de escolaridade.

Trabalhadores com superior incompleto (cursavam alguma faculdade no momento do levantamento) somavam 3.052, aumento de 14,7% em relação aos 2.659 registrados no ano anterior – a participação subiu de 3,38% para 3,74%.

A maior fatia de trabalhadores no mercado de trabalho formal em Limeira tem ensino médio completo.

Em 2008, 34.429 tinham essa escolaridade. O aumento de 9,3% em relação à quantidade registrada no ano anterior fez a participação desse grupo passar de 40% para 42,19%. Nas faixas superiores, houve retração apenas entre os que possuem mestrado – em 2007, eles eram em 548 e, em 2008, 250, queda de 54%. O número de trabalhadores com doutorado manteve-se igual (66) na análise dos dois anos.

Em contrapartida ao aumento da participação de trabalhadores mais escolarizados, houve crescimento na contratação de analfabetos. Em 2008, eram 320 contratados, contra 248 de 2007.

O aumento de 29% foi gerado na agropecuária, único setor que registrou crescimento nessas admissões – passou de 41 para 157. Os demais setores estão fechando as portas para trabalhadores que não têm nenhuma escolaridade. A indústria baixou de 132 para 108; a construção civil, de 30 para 11; e serviços/administração pública, de 32 para 29.

Na parte de baixo da escolaridade, houve recuos. Trabalhadores que possuem ensino fundamental completo (até a 8ª série) somavam 14.357 em 2008, queda de 2,4% em relação ao ano anterior. Com ensino fundamental incompleto havia 11.080, retração de 7,4% em relação aos 11.976 de 2007.

Avaliações

O diretor do Senai em Limeira, Caetano Santis Júnior, avalia que a grande concentração de empregados com ensino médio completo mostra que os trabalhadores procuram estudar até atingir essa faixa, que é mínima exigida. "O mercado atual exige boa formação. Antes, o trabalhador com ensino fundamental tinha colocação, enquanto hoje o nível de escolaridade básico exigido é o médio", pontua.

Ele vê com preocupação esta tendência pelo fato de o trabalhador não continuar a evolução de escolaridade.

Sobre o crescimento na contratação de analfabetos, Santis acredita que cada vez menos o mercado formal absorve esse tipo de trabalhador, que encontra ainda vagas no segmento rural. Porém, o diretor disse que há necessidade de políticas públicas nos próximos anos para que, num futuro próximo, com a automatização, esse trabalhador não fique sem qualificação até na agropecuária.

O diretor da Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Limeira, Wagner Furlan, concorda com o diretor. "Na indústria há pouquíssimas vagas para o trabalhador analfabeto", conta.

Ele diz que os equipamentos industriais atualmente estão cada vez mais modernos e exigem conhecimento de informática. "Esse trabalhador vai precisar melhorar sua escolaridade para ingressar no mercado, principalmente na indústria", argumenta.

Furlan também acrescenta que a indústria tem absorvido os trabalhadores dos cursos técnicos, que possuem escolaridade de nível médio.

O presidente do Sindicato Rural de Limeira Patronal, Nilton Piccin, afirma que o nível de escolaridade entre a população rural melhorou nos últimos anos.

"Hoje, o estudante rural tem acesso aos estudos”, completa.

Ele também concorda que a opção do trabalhador analfabeto é a migração para o setor agropecuário, que ainda não exige qualificação.

"Não tem alternativa, a não ser trabalhar no campo", admite. Sobre o avanço da mecanização, o presidente diz que o processo vem crescendo no setor, mas que o sindicato tem oferecido cursos de capacitação, que auxiliam a classe e desenvolvem o vínculo do trabalhador com a necessidade de melhorar sua escolaridade. (Com Cláudia Kojin)

* Imagem retirada do site http://brincabrincarte.blogspot.com

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