A ex-dirigente de ensino de Limeira, Lígia Müller, que deixou o cargo esta semana, tinha muitos planos para a educação na região quando assumiu o posto, em maio de 2006. Em sua primeira entrevista à um veículo de comunicação da cidade, concedida a este jornalista, mostrou-se afável, educada, empolgada e ciente de suas responsabilidades.
Assim era vista pelos colegas de trabalho.
Um ano depois, a saída do cargo ficou iminente. Seu erro foi ter entrado de gaiata na batalha política em que se transformou a permanência do órgão em Limeira.
Diante do assombro e revolta de funcionários, enquanto autoridades, representantes de professores e imprensa esperavam por explicações, Lígia trancafiou-se em sua sala, agarrando-se no que a Secretaria de Educação havia lhe ordenado, no dia da malfadada transferência para Rio Claro.
Foi duramente criticada. Pelos professores, pela imprensa, mas talvez o que mais lhe causou desgastes foram as críticas públicas do prefeito em exercício, Orlando Zovico. Félix, que estava viajando no dia, ficou fulo de raiva, e não perdoou a dirigente.
Desgastada, Lígia pediu demissão esta semana, sentindo-se uma cega no tiroteio e abandonada pela Secretaria de Estado da Educação. E vejam que situação: como parte dos móveis estava em Rio Claro, impedidos de serem trazidos de volta à Limeira sem autorização, Lígia trabalhava numa mesa simples, sem computador. Usava seu próprio laptop para trabalhar.
Ainda que não pareça, a questão da Diretoria de Ensino não se encerrou após o Estado ter aprovado um prédio locado no Jardim São Manoel esta semana – o município assumirá os R$ 4,5 mil mensais.
O deputado Aldo Demarchi (DEM), de Rio Claro, é aliadíssimo do governador José Serra. Cantava para todos, dias antes da malfadada transferência, que a Cidade Azul teria novidades sobre o órgão. Não desistirá tão cedo de tirar por completo ou por pedaços a Diretoria para levá-la à sua base eleitoral.
Quem perde com todo esse imbróglio é a educação. Apesar de, no geral, o ensino de São Paulo estar parcialmente "sucateado" após a tragédia da aprovação automática, as escolas de Limeira estão acima da média no Estado. Misturar política com educação não traz bons resultados.
Essa separação será o desafio do novo dirigente de ensino, Moacir Rossini, que terá um outro maior: restabelecer os laços do órgão com o Poder Público e a sociedade limeirense, destruídos após a politicagem ter ganho mais espaço que o lápis e a lousa nos jornais. Desejo-lhe boa sorte nessa empreitada.
sábado, 7 de junho de 2008
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