Limeira já teve a experiência do fracasso de um shopping center. O fechamento do antigo Limeira Shopping provocou feridas ainda não cicatrizadas no espírito do limeirense, que vive até hoje (penso que num efeito menor) com o estigma de que “aqui os negócios não vão para frente”, afirmação que pode ser derrubada com vários exemplos, mas que teima em pairar na cabeça de muitos.
Pior que o impacto social do fechamento de postos de trabalho é justamente esse efeito psicológico que deve ser pensado no dilema enfrentado por lojistas do Shopping Nações, que vão à Justiça pedir a revisão de um termo que condiciona a abertura do acesso pela Rodovia Limeira-Piracicaba à construção de uma passarela que é reivindicada pela agência que regula o transporte no Estado.
Se eles terão sucesso é imprevisível apostar, mas a cidade deveria torcer para isso.
Não é hora de distribuir culpas. Há erros de todos os lados. O principal é do próprio empreendimento, que parece ter sido aberto de modo apressado, na esteira da inauguração do shopping às margens da Anhangüera.
O projeto da construção da passarela foi uma responsabilidade assumida pelo shopping perante a Artesp, até agora não cumprida. À Prefeitura cabe fazer a ponte política (e deveria ter sido mais firme lá atrás, antes da inauguração do shopping), mas fica complicado defender uma parte que não cumpriu uma obrigação.
A Artesp e a Intervias têm suas razões ao exigir a passarela, pois são delas as responsabilidades viárias.
No entanto, é hora do bom senso prosperar. Não se trata de desprezar a importância da passarela, mas ela não será crucial para o acesso ao empreendimento.
Do outro lado da pista, há um residencial fechado. É possível um aditamento ao TAC, impondo prazo ao empreendimento para apresentação do projeto – e porque não previsão de multa, caso não seja cumprido -, liberando o acesso.
Tenho lá minhas dúvidas se é mesmo o acesso fechado a razão do pouco público do empreendimento ou do fechamento de lojas, mas isso não vem ao caso e é assunto de iniciativa particular.
Neste momento, o poder público – e isso inclui todas as esferas – deveria pensar em medidas para evitar os efeitos socioeconômicos e psicológicos que trazem o fechamento das lojas de um empreendimento do porte do Nações.
Limeira não comporta viver um segundo trauma desse tipo em um espaço de 10 anos.
* Artigo originalmente publicado na Gazeta de Limeira em 19-10-15
* Imagem: Mário Roberto/Gazeta de Limeira
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
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